La Fille Mal Gardée




Balé em dois atos e três cenas
Libreto: Jean Dauberval
Coreografia: Jean Dauberval
Cenários e Figurinos: autor desconhecido
Música: Diversos compositores, com músicas populares de autores desconhecidos; posteriormente Ferdinand J. Herold e Peter Ludwig Hertel (nas versões russas).
Estréia mundial: maio de 1789 em Bordeaux, França, e a seguir, em 1° de julho do mesmo ano, no Grand Théâtre de Paris, França. No papel de Lise, Mlle.Théodore.


La Fille Mal Gardée nasceu em meio à Revolução Francesaé uma criação de Jean Bercher Dauberval, um dos maiores coreógrafos de sua época. A inspiração do autor para esse ballet é atribuída à obra “Le Reprimande/Une Jeune Fille Querellée par sa Mère” de Pierre Antoine Baudouin, na qual uma jovem camponesa, chorando, com suas roupas desarrumadas, é repreendida por uma senhora (presumivelmente sua mãe), em um celeiro de feno, enquanto seu amante pode ser visto ao fundo escapando pelas escadas.

O Ballet foi pela primeira vez apresentado pelo Ballet of the Grand Théâtre, em Bordeaux, França, conhecido atualmente como Ballet Nacional de Bordeaux, em 1° de julho de 1789. O papel principal, da personagem Lision (que mais tarde passou a se chamar Lise) foi dado à esposa do coreógrafo, a bailarina Mme. Théodore. O título original do ballet também foi alterado, já que inicialmente se chamava “Le Ballet de la Paille” ou “Il n'est Qu'un Pas du Mal au Bien”, que poderia ser traduzido grosseiramente como “O ballet da palha” ou “Apenas um passo separa o bem do mal”. O título La Fille Mal Gardée (A filha mal criada/guardada) passou a ser utilizado a partir de 1791, quando Dauberval viajou para Londres e lá remontou o ballet.

No final do século XVIII e início do século XIX, as partituras de ballet eram uma verdadeira “colcha de retalhos”, constituiam-se dos mais diversos trechos extraídos de famosas danças, músicas e óperas. Esses trechos eram na maioria das vezes adaptados e rearranjados pelo diretor musical ou pelo violinista principal da orquestra, o qual também atuava como maestro (o papel de maestro ainda não havia sido estabelecido de forma separada nessa época). A música “original” de La Fille Mal Gardée, em 1789, era um rearranjo de 55 árias francesas, tendo sobrevivido até hoje 15 partituras, na Biblioteca Municipal de Bordeaux. O manuscrito da partitura de 1789 não menciona um compositor, nem um arranjador. É possível que o próprio Dauberval tenha sido responsável pelo arranjo, pois era também um violinista competente.

Em 1828 Ferdinand Hérold criou nova partitura para La Fille Mal Gardée, fazendo adaptações na original de 1789, mesclando-a com diversos trechos de outras óbras, como "O Barbeiro de Sevilha", de Rossini, "O Elixir do Amor" de Donizetti, dentre outros.
"La Fille" teve um enorme sucesso de público e se mostrou o mais popular e duradouro trabalho de Dauberval, atravessando todo o período Romântico incólume .



Ato I – Na Fazenda
Em uma fazenda, na França, moram a viúva Simone e sua filha Lise. A jovem está apaixonada pelo camponês Colas, empregado da fazenda. O romance dos dois desagrada profundamente a viúva, que possui ambiciosos planos para sua filha.

Os encontros de Colas e Lise são sempre às escondidas, no entanto rotineiramente acabam sendo flagrados por Simone. O casal possuía um código, todas as vezes que Lise ia se encontrar com Colas no celeiro e não lhe encontrava deixava ali um lenço amarrado, como símbolo de seu amor. O rapaz ao encontrar o lenço colocava-o na porta de Lise, tendo assim a mesma representação.

Thomas, um rico proprietário de uma plantação de uvas, chega à fazenda de Simone, acompanhado por seu filho Alan. Thomas pede a mão de Lise para seu filho. O jovem tenta fazer uma ridícula exibição para Lise com seu guarda-chuva, o que a irrita ainda mais.

Todos resolvem partir para o campo para celebrar a colheita do dia. O que agrada Lise, pois imagina que irá encontrar Colas entre os Camponeses.

Ato II – Os Campos de Milho

Na comemoração Alan e Lise dançam juntos, no entanto os camponeses fazem brincadeiras envolvendo o rapaz, que acaba perdendo seu par para Colas. Lise e o camponês se afastam por alguns instantes, trocando juras de amor. Enquanto isso Simone é distraída pelos camponeses, que dançam alegremente com ela. Percebe o desaparecimento de Lise mas não consegue encontrá-la.






Ato III – No interior da fazenda

Uma tempestade cai, acabando com a festa. Lise vai para casa e é trancada pela mãe para que não desapareça novamente. Colas, que veio escondido entre os camponeses consegue entrar na casa, a moça ouve os passos da mãe e esconde Colas em seu quarto. Lise vai para a sala e concorda com tudo que a mãe propõe, Simone acha estranho, manda a filha ir esperar no quarto a visita de seu noivo.

Colas e Lise trocam os lenços que usam no pescoço como forma de selar um compromisso. Alan e seu pai chegam à fazenda com um juiz e um escrivão para assinar o contrato de casamento. Simone entrega ao noivo a chave do quarto de Lise para que vá buscá-la para a realização da cerimônia, ao abrir a porta depara-se com os namorados. Thomas, furioso, rasga o contrato de casamento.

Lise e Colas enfrentam a viúva, que acaba se convencendo que ele é o melhor para sua filha. Os dois se casam com a benção de Simone, em uma grande festa organizada pelos camponeses.




A produção de Lev Ivanov foi a primeira a utilizar galinhas vivas no palco;



  • Em uma noite, quando a bailarina Preobrajenskaya dançava o papel de Lise, sua rival, Kschessinskaya, soltou todas as galinhas, que invadiram o palco e o fosso da orquestra. Preobrajenskaya continuou dançando como se nada estivesse acontecendo;
  • Foi um dos primeiros ballets a ter como personagens pessoas comuns, ao contrário da maioria, que sempre tratavam de deuses, seres etéreos, reis e rainhas. Tal diferencial o fez ter enorme sucesso, pois atingia também uma outra classe social, diferente do tradicional;
  • Foi o primeiro grande ballet narrativo, decorrente de ter sido Dauberval aluno de Noverre, absorvendo toda sua teoria do "ballet d'action";



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